quinta-feira, 11 de agosto de 2011

11 DE AGOSTO DIA DE SANTA CLARA: MILAGRES DA SANTA DE ASSIS



Expulsão de demônios


Não é de admirar que a oração de Santa Clara tivesse poder contra a maldade dos homens, se fazia arder até os demônios. Aconteceu que uma devota, da diocese de Pisa, veio uma vez ao lugar para agradecer a Deus e a Santa Clara porque, por seus méritos, fora libertada de cinco demônios. Na hora da expulsão, os demônios confessaram que a oração de Santa Clara os queimava e os desalojava daquele vaso de sua posse.

Não foi à-toa que o senhor papa Gregório teve admirável fé nas orações desta santa, cuja virtude provara ser eficaz. Muitas vezes, como bispo de Óstia ou já elevado ao trono apostólico, ao surgir alguma dificuldade, como acontece, dirigia-se por carta à mencionada virgem: pedia orações e já sentia a ajuda. É algo certamente notável pela humildade e que deve ser fervorosamente imitado: o Vigário de Cristo reclamando a ajuda da serva de Cristo e recomendando-se a suas virtudes.

Certamente sabia de que é capaz o amor e como é livre o acesso das virgens puras ao consistório da divina Majestade. Se o Rei dos céus entrega-se Ele mesmo aos que o amam com fervor, o que não há de conceder, se convém, aos que o rogam com devoção?

Quão grande foi o devoto amor de Clara pelo Sacramento do Altar demonstram-no os fatos. Durante a grave doença que a prendeu à cama, fazia-se erguer e sustentar colocando apoios. Assim, sentada, fiava panos finíssimos, com os quais fez mais de cinqüenta jogos de corporais que, colocados dentro de bolsas de seda ou de púrpura, destinava a diversas igrejas do vale e das montanhas de Assis.

Ao receber o Corpo do Senhor, lavava-se antes em lágrimas ardentes e, acercando-se a tremer, não o temia menos escondido no sacramento que regendo céu e terra.

Admirável Consolação que o Senhor lhe concedeu na doença


Como ela se lembrava de seu Cristo na doença, Cristo também a visitou em seus sofrimentos. Na hora do Natal, em que o mundo se alegra com os anjos diante do Menino recém-nascido, todas as senhoras foram à capela para as Matinas, deixando a madre sozinha, oprimida pela doença. Ela começou a meditar sobre o pequenino Jesus e, sofrendo muito por não poder assistir seus louvores, suspirou: "Senhor Deus, deixaram-me aqui sozinha para Vós". E eis que de repente começou a ressoar em seus ouvidos o maravilhoso concerto que se desenrolava na igreja de São Francisco. Escutava o júbilo dos irmãos salmodiando, ouvia a harmonia dos cantores, percebia até o som dos instrumentos.

O lugar não era tão próximo que pudesse chegar a isso humanamente: ou a solenidade tinha sido amplificada até ela pelo poder divino, ou seu ouvido tinha sido reforçado de modo sobre-humano. Mas o que superou todo esse prodígio foi que mereceu ver o próprio presépio do Senhor.

Quando as filhas vieram, de manhã, disse a bem-aventurada Clara: "Bendito seja o Senhor Jesus Cristo, que não me deixou quando vocês me abandonaram. Escutei, por graça de Cristo, toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco".

Uma comemoração da Paixão do Senhor


Chegou, uma vez, o dia da Sagrada Ceia, em que o Senhor amou os seus até o fim (cfr. Jo 13,1). Pela tarde, aproximando-se a agonia do Senhor, Clara, entristecida e aflita, fechou-se no segredo de sua cela. Acompanhando em oração o Senhor que rezava, sua alma triste até a morte (cfr. Mt 26,38) embebeu-se da tristeza dele, a memória foi se compenetrando da captura e de toda derisão: caiu na cama.

Ficou tão absorta durante toda aquela noite e no dia seguinte, tão fora de si que, com o olhar ausente, cravada sempre em sua visão única, parecia crucificada com Cristo, totalmente insensível. Uma filha familiar voltou diversas vezes para ver se precisava de alguma coisa e a encontrou sempre do mesmo jeito.

Quando chegou a noite do sábado, a devota filha acendeu uma vela e, sem falar, com um sinal, lembrou sua mãe da ordem que recebera de São Francisco. Pois o santo mandara que não deixasse passar um só dia sem comer. Na sua presença, Clara, como se voltasse de algum outro lugar, disse o seguinte: "Para que a vela? Não é dia?" "Madre, respondeu a outra, foi-se a noite, já passou um dia, e voltou outra noite".

Clara disse: "Bendito seja este sonho, filha querida, porque ansiei tanto por ele e me foi concedido. Mas guarde-se de contar este sonho a quem quer que seja, enquanto eu viver na carne".

Diversos Milagres que fazia com sinal e a virtude da Santa Cruz


O Crucifixo amado correspondeu à amante que, acesa em tão grande amor pelo mistério da cruz, foi distinguida com sinais e milagres pelo seu poder. Quando fazia o sinal da cruz vivificante sobre os enfermos, afastava milagrosamente as doenças. Vou contar alguns casos, entre tantos.

São Francisco mandou a Santa Clara um frade enlouquecido, chamado Estêvão, para que traçasse sobre ele o sinal da cruz santíssima, pois conhecia sua grande perfeição e venerava sua grande virtude. A filha da obediência fez sobre ele o sinal, por ordem do pai, e deixou-o dormir um pouquinho, no lugar onde ela mesma costumava rezar. E ele, livre do sono daí a pouco, levantou-se curado e voltou ao pai, liberto da loucura.

Mateusinho, um menino de três anos da cidade de Espoleto, tinha enfiado uma pedrinha na narina. Ninguém conseguia tirá-la do nariz do menino, nem ele podia expeli-la. Em perigo e com enorme angústia, foi levado a Santa Clara e, quando foi marcado por ela com o sinal da cruz, soltou de repente a pedra e ficou livre.

Outro menino, de Perusa, tinha o olho velado por uma mancha e foi levado à santa serva de Deus. Ela tocou o olho da criança, marcou-a com o sinal da cruz e disse: Levem-no a minha mãe, para fazer nele outro sinal da cruz". Sua mãe dona Hortolana seguira a plantinha, entrara na Ordem depois da filha e, viúva, servia ao Senhor no jardim fechado com as virgens. Ao receber dela o sinal da cruz, o olho do menino se livrou da mancha, e ele viu clara e distintamente. Clara disse que o menino tinha sido curado por mérito de sua mãe; a mãe deixou em favor da filha o crédito do louvor, dizendo-se indigna de coisa tão grande.

Uma das Irmãs, chamada Benvinda, tinha suportado quase doze anos embaixo do braço a chaga de uma fístula que soltava pus por cinco orifícios. Compadecida, a virgem de Deus Clara aplicou seu emplastro especial do sinal de salvação. Foi só fazer a cruz e, de repente, ela ficou perfeitamente curada da velha úlcera.

Outra Irmã, chamada Amata, jazia doente de hidropisia havia treze meses, consumida também pela febre, a tosse e uma dor de lado. Compadecida dela, Santa Clara recorreu àquele nobre sistema de sua arte medicinal: marcou-a com a cruz no nome de Cristo e no mesmo instante devolveu-lhe a saúde completa.

Outra serva de Cristo, oriunda de Perusa, de tal modo perdera a voz ao longo de dois anos que mal podia articular palavra audível. Na noite da Assunção de Nossa Senhora, teve uma visão de que Santa Clara a curaria e esperou ansiosa pelo dia. Quando amanheceu, correu à madre, pediu-lhe que a marcasse com a cruz e recuperou a voz logo que foi assinalada.

Uma Irmã chamada Cristiana tinha sofrido por muito tempo de surdez em um ouvido e experimentara em vão muitos remédios para o mal. Santa Clara fez-lhe o sinal na cabeça com clemência, tocou-lhe a orelha e na mesma hora ela recuperou a faculdade de ouvir. Era grande o número de Irmãs doentes no mosteiro, aflitas por vários achaques. Clara foi vê-las como de costume, com seu remédio habitual, e, em cinco vezes que fez o sinal da cruz, curou cinco na hora. Por esses fatos, fica patente que no coração da virgem estava plantada a árvore da cruz, cujo fruto restaura a alma, cujas folhas oferecem remédio para o corpo.

Milagre da Multiplicação do Pão


Havia no mosteiro um só pão e já apertavam a fome e a hora de comer. A santa chamou a despenseira e mandou cortar o pão, enviando uma parte para os frades e deixando a outra em casa para as Irmãs. Dessa metade, mandou tirar cinqüenta fatias, de acordo com o número das senhoras, para servi-las na mesa da pobreza.

A devota filha respondeu que iam ser necessários os antigos milagres de Cristo para que tão pouco pão desse cinqüenta fatias, mas a mãe a contestou dizendo: "Filha, faça com confiança o que falei". Apressou-se a filha a cumprir o mandato da mãe, que foi dirigir a seu Cristo piedosos suspiros em favor das filhas. O pedaço pequeno cresceu por graça de Deus nas mãos de quem o cortava e cada uma da comunidade pôde receber uma bela porção.

Outro Milagre: Azeite dado por Deus


Certo dia, acabou tão completamente o azeite das servas de Cristo que não havia nem para o tempero das doentes.Santa Clara pegou uma vasilha e, mestra de humildade, lavou-a com as próprias mãos. Colocou-a lá fora, vazia, para que o irmão esmoler a recolhesse, e chamou o frade para ir conseguir o azeite.

O devoto irmão quis socorrer depressa tanta indigência e correu a buscar a vasilha. Mas essas coisas não dependem de querer e correr, e sim da piedade de Deus (Rm 9,16). De fato, só por Deus, a vasilha ficou cheia de óleo, pois a oração de Santa Clara foi à frente da ajuda do frade, para alívio das pobres filhas. O frade, crendo que o haviam chamado à-toa, comentou num murmúrio: "Essas mulheres me chamaram por brincadeira, pois, olhe, a vasilha está cheia!"

Os prodígios de sua oração, mais que dignos de veneração.


Durante a tormenta que a Igreja sofreu em diversas partes do mundo sob o imperador Frederico, o vale de Espoleto teve que beber muitas vezes o cálice da ira. Por ordem do imperador, aí se estabeleceram, como enxames de abelhas, esquadrões de cavalaria e arqueiros sarracenos, despovoando castelos e aniquilando cidades. Quando o furor inimigo se dirigiu uma vez contra Assis, cidade predileta do Senhor, o exército já estava chegando perto das portas, e os sarracenos, gente péssima, sedenta de sangue cristão e desavergonhadamente capaz de qualquer crime, entraram no terreno de São Damião e chegaram até dentro do próprio claustro das Irmãs.

O coração das senhoras derretia-se de terror. Tremendo para falar, levaram seus prantos à madre. Corajosa, ela mandou que a levassem, doente, para a porta, diante dos inimigos, colocando à sua frente uma caixinha de prata revestida de marfim, onde guardavam com suma devoção o Corpo do Santo dos Santos.

Toda prostrada em oração ao Senhor, disse a Cristo entre lágrimas: "Meu Senhor, será que quereis entregar inermes nas mãos dos pagãos as vossas servas, que criei no vosso amor? Guardai Senhor, vos rogo, estas vossas servas a quem não posso defender neste transe".

Logo soou em seus ouvidos, do propiciatório da nova graça, uma voz de menininho: "Eu sempre vos defenderei". Ela disse: "Meu Senhor, protegei também, se vos apraz, a cidade que nos sustenta por vosso amor". E Cristo: "Suportará padecimentos, mas será defendida por minha força".

Então a virgem ergueu o rosto em lágrimas, confortando as que choravam: "Garanto, filhinhas, que não vão sofrer mal nenhum. É só confiar em Cristo". Não demorou. De repente, a audácia daqueles cães se retraiu e assustou. Saíram rápidos pelos muros que tinham pulado, derrotados pela força da sua oração.

Logo em seguida, Clara determinou com seriedade às que tinham ouvido a voz: "Tenham todo o cuidado, filhas, queridas, de não revelar essa voz a quem quer que seja, enquanto eu viver".

Outro Milagre: A Libertação da Cidade


Em outra ocasião, Vital de Aversa, homem cobiçoso de glória e intrépido nas batalhas, moveu contra Assis o exército imperial, que comandava. Despiu a terra de suas árvores, assolou todos os arredores e acabou pondo cerco à cidade. Declarou ameaçadoramente que de nenhum modo se retiraria, enquanto não a tivesse tomado. De fato, já havia chegado o ponto em que se temia a queda iminente da cidade.

Quando Clara, a serva de Cristo, soube disso, suspirou veementemente, chamou as Irmãs e disse: "Filhas queridas, recebemos todos os dias muitos bens desta cidade. Seria muita ingratidão se, na hora em que precisa, não a socorrêssemos como podemos".


Mandou trazer cinza, disse às Irmãs que descobrissem a cabeça. E, primeiro, espalhou muita cinza sobre a cabeça nua. Colocou-a depois também sobre as cabeças delas. Então disse: "Vão suplicar a nosso Senhor com todo o coração a libertação da cidade".


Para quê contar detalhes? Que direi das lágrimas das virgens, de suas preces "violentas"? Na manhã seguinte, Deus misericordioso deu a saída para o perigo: o exército debandou e o soberbo, contra os planos, foi embora e nunca mais oprimiu aquelas terras. Pouco depois o comandante guerreiro foi morto a espada.

OS MILAGRES DE SANTA CLARA DEPOIS DE SUA MORTE


Costumes santos e obras perfeitas são o verdadeiro prodígio dos santos. Esse é o testemunho que devemos venerar em seus milagres. João não fez sinal nenhum (Jo 10,41); mas os que fazem milagres não são mais santos do que ele. Por isso, bastaria sua vida perfeitíssima, se outra coisa não fosse pedida pela tibieza e pela devoção do povo. Clara é ilustre em todo o mundo pela fama dos méritos que teve enquanto viveu e mais ainda pela luz dos milagres agora que mergulhou na claridade perpétua. Obriga-me a sinceridade que jurei a escrever muitas coisas; seu número me faz passar muitas por alto.

Endemoninhados libertados

Um menino de Perusa, chamado Tiaguinho, mais que doente parecia possuído por um dos piores demônios. Às vezes, jogava-se desesperado no fogo, ou se debatia no chão. Também mordia as pedras até quebrar os dentes, ferindo muito a cabeça e machucando-se até ficar com o corpo todo ensangüentado. De boca torcida, língua de fora, virava muitas vezes os membros com tão estranha habilidade que se transformava numa bola, passando a perna pelo pescoço.

Essa loucura o atacava duas vezes por dia; nem duas pessoas podiam impedi-lo de tirar a roupa. Procuraram a ajuda de médicos competentes, mas não encontraram nenhum que conseguisse resolver o caso.

Seu pai, Guidoloto, não tendo encontrado entre os homens remédio algum para tamanho infortúnio, recorreu ao poder de Santa Clara e rezou:

"Ó virgem santíssima! Ó Clara, venerada pelo mundo, eu te ofereço meu pobre filho, e te imploro na maior súplica que o cures". Cheio de fé, foi logo ao sepulcro e, colocando o rapaz em cima da tumba da virgem, obteve o favor enquanto o pedia. De fato, o menino ficou livre na mesma hora daquela doença e nunca mais foi molestado por nenhum mal parecido.

Outro Milagre

Alexandrina de Fratta, na diocese de Perusa, era atormentada por um demônio terrível. Dominara-a tanto que a fazia revolutear como um passarinho em cima de uma alta rocha que se erguia à beira do rio. Depois, ainda a fazia escorregar por um galho de árvore muito fino que pendia sobre o Tibre, como se estivesse brincando. Além disso, como tinha perdido completamente o lado esquerdo por causa de seus pecados e tinha uma mão torcida, tentara muitas curas, mas não havia melhorado nada. Foi compungida ao túmulo da gloriosa virgem Clara e, invocando seus méritos contra a tríplice desgraça, obteve um salutar efeito com um só remédio. Pois a mão encolhida se abriu, o lado ficou curado, e ela se livrou da possessão do demônio. Na ocasião, diante do túmulo da santa, outra mulher do mesmo lugar teve a graça de se livrar do demônio e de muitas dores.

Cura de um louco furioso


Um jovem francês do séquito da Cúria fora atacado de loucura furiosa, que o fizera perder a fala e agitava monstruosamente o seu corpo. Ninguém conseguia segurá-lo de modo algum, pois se revirava horrivelmente nas mãos dos que tentavam contê-lo. Amarraram-no a um esquife, e seus compatriotas levaram-no à força à igreja de Santa Clara. Puseram-no diante do sepulcro, e ficou completamente curado, na hora, pela fé dos que o levavam.

Cura de um Epilético

Valentim de Spello estava tão minado pela epilepsia que seis vezes por dia caía no chão onde estivesse. Além disso, sofria de uma contração da perna e não podia andar livremente. Levaram-no montado num jumento ao sepulcro de Santa Clara, onde ficou estendido durante dois dias e três noites. No terceiro dia, sem que ninguém o tocasse, sua perna fez um ruído enorme e ele ficou imediatamente curado das duas doenças.

Cura de um cego


Jacobelo, conhecido como filho da espoletana, doente de cegueira havia doze anos, andava com um guia e não podia ir sem ele a lugar nenhum senão ao precipício. Uma vez, deixou o menino um pouquinho e caiu num buraco, quebrando um braço e machucando a cabeça.

Uma noite, dormindo junto à ponte de Narni, apareceu-lhe em sonhos uma senhora que disse: "Tiaguinho, por que não vem a mim em Assis para ficar curado?". Quando acordou, de manhã, contou tremendo essa visão a outros dois cegos. Eles disseram: "Ouvimos falar, há pouco, de uma senhora que morreu na cidade de Assis, e se diz que o poder do Senhor honra seu sepulcro com graças de cura e muitos milagres".

Ouvindo isso, tratou de pôr-se a caminho sem preguiça e, hospedando-se à noite em Espoleto, teve outra vez a mesma visão. Voou ainda mais rápido, só pensando em correr, por amor à vista.

Mas, ao chegar a Assis, encontrou tanta gente acorrendo ao mausoléu da virgem que não conseguiu de modo algum chegar perto do túmulo. Pôs uma pedra embaixo da cabeça e, com muita fé, apesar da dor de não poder entrar, dormiu ali fora. Então, pela terceira vez, ouviu a voz dizendo: "Tiago, o Senhor lhe concederá o favor, se você puder entrar". Por isso, ao acordar, rogou chorando à multidão, gritando e implorando que o deixasse passar, por amor de Deus. Aberto o caminho, jogou os sapatos, despiu-se, passou uma correia no pescoço e foi tocar humildemente o túmulo, onde caiu num sono leve. "Levante-se, disse a bem-aventurada Clara, levante-se que está curado".

Levantou-se na hora e, dissipada toda cegueira, sem nenhuma escuridão nos olhos, viu claramente a claridade da luz, graças a Clara. Glorificou a Deus, louvando-o, e convidou todos a bendize-lo por tão maravilhoso portento.

Cura de uma Mão inutilizada


Um homem de Perusa, chamado Bongiovanni de Martino, marchara com seus concidadãos contra os de Foligno. Quando começou a luta de parte a parte, uma forte pedrada esmagou gravemente sua mão. Desejando curar-se, gastou muito dinheiro com os médicos, mas nenhuma ajuda da medicina pôde impedi-lo de carregar aquela mão inútil, com a qual não podia fazer quase nada. Sofrendo por suportar o peso daquela mão que nem parecia sua, e que não usava, teve muitas vezes vontade de mandar cortá-la.

Quando ouviu falar dos prodígios que o Senhor se dignava realizar por meio de sua serva Clara, fez voto e foi pressuroso ao sepulcro da virgem. Ofereceu uma mão de cera e se prostrou sobre a tumba da santa. Imediatamente, antes de sair da igreja, sua mão foi devolvida à saúde.

Os Aleijados

Um certo Pedrinho, do castelo de Bettona, consumido por uma doença de três anos, parecia quase todo ressecado por tão prolongado mal. A violência da enfermidade dobrara-o tanto na cintura que, curvo e virado para a terra, mal podia andar, com um bastão. O pai do menino recorreu à habilidade de muitos médicos, principalmente dos especialistas em ossos quebrados. Estava disposto a gastar todos os bens para recuperar a saúde do filho. Mas, como todos responderam que não havia cura possível para aquele mal, voltou-se para a in-tercessão da nova santa, cujos prodígios ouvia contar. O menino foi levado ao lugar onde repousam os preciosos restos da virgem e, pouco depois de se deitar diante do sepulcro, obteve a graça da cura completa. Pois levantou-se na hora, ereto e sadio, andando, pulando e louvando a Deus (cfr. At 3,8), e convidou o povo ali aglomerado a louvar Santa Clara.

Havia um menino de dez anos, da vila de São Quirino, da diocese de Assis, aleijado desde o ventre de sua mãe (cfr. At 3,2): tinha as pernas finas, jogava os pés de lado e, andando torto, mal podia levantar-se quando caía. Sua mãe o havia oferecido muitas vezes em voto ao bem-aventurado Francisco, sem conseguir melhora.

Ao ouvir dizer que a bem-aventurada Clara brilhava com novos milagres, levou o filho ao túmulo. Uns dias depois, os ossos das tíbias ressoaram e os membros ficaram normais. E o que São Francisco, implorado com tantos rogos, não tinha concedido, foi outorgado pela graça divina por sua discípula Clara.

Um cidadão de Gúbio, Tiago de Franco, tinha um filho de cinco anos que, fraco dos pés, nunca andara nem podia andar. Lamentava-se pelo menino como uma mancha para a casa, o opróbrio da família. O rapaz deitava-se no chão e se arrastava no pó, querendo às vezes ficar em pé com um bastão, sem conseguir. A natureza dera-lhe o desejo de andar, mas negava a possibilidade.

Os pais encomendaram o menino aos méritos de Santa Clara e, para usar suas palavras, prometeram que seria um "homem de Santa Clara", se obtivesse a cura através dela. Foi só fazer o voto e a virgem de Cristo curou o seu homem, devolvendo a capacidade de andar bem ao menino oferecido. Os pais correram logo ao túmulo da virgem com ele, que brincava e saltava todo alegre, e o consagraram ao Senhor.

Plenária, uma mulher do castelo de Bevagna, sofria uma contração na cintura havia muito tempo e só podia andar apoiada num bastão. Mas isso não a ajudava a levantar o corpo curvo, e se arrastava por toda parte com passos vacilantes. Numa sexta-feira, fez-se levar ao sepulcro de Santa Clara, onde rezou com a maior devoção e obteve de imediato o que confiantemente pedia. Assim ela, que tinha sido levada pelos outros, voltou no sábado seguinte com os próprios pés para casa, completamente curada.

Cura de Tumores da Garganta


Uma moça de Perusa sofrera longamente muita dor com uns tumores da garganta, que o povo chama de escrófulas. Em sua garganta, dava para contar umas vinte bolhas, de modo que o pescoço dela parecia bem mais grosso que a cabeça. Sua mãe levou-a muitas vezes ao túmulo da virgem Clara, onde, com toda devoção, implorava a santa em seu favor. Uma vez, a moça ficou a noite inteira deitada diante do sepulcro, suou muito e os tumores começaram a amolecer e a sair um pouco do lugar. Com o tempo e pelos méritos de Santa Clara, desapareceram de tal modo que não sobrou absolutamente nenhum vestígio deles. Ainda durante a vida da virgem Clara, uma Irmã chamada Andrea sofreu de um mal semelhante na garganta. Certamente é estranho que, entre as brasas ardentes, se ocultasse alma tão fria e que, entre virgens prudentes, houvesse uma estulta imprudente. O certo é que uma noite Andrea apertou a garganta até se afogar, para expulsar o inchaço pela boca, querendo sobrepor-se ao que Deus queria para ela.

Mas Clara, por inspiração, soube disso na mesma hora e disse a uma Irmã: "Corra, corra depressa ao andar de baixo e faça a Irmã Andrea de Ferrara tomar um ovo quente. Depois venha aqui com ela".

A outra foi correndo e encontrou Andrea sem falar, quase afogada por ter se apertado com as mãos. Ergueu-a como pôde e a levou consigo à madre. A serva de Deus lhe disse: "Pobrezinha, confesse ao Senhor seus pensamentos, que até eu sei muito bem quais são. O que você quis sarar vai ser curado pelo Senhor Jesus Cristo. Mas mude de vida para melhor, porque você não vai se levantar de outra doença que vai ter".

A estas palavras, ela recebeu o espírito de compunção e mudou sua vida bem valorosamente para melhor. Pouco tempo depois, já curada do tumor, morreu de outra doença.

Os Salvados de lobos

A região costumava ser assolada pela ferocidade cruel dos lobos que, atacando os próprios homens, muitas vezes comiam carne humana. Uma mulher chamada Bona, de Monte Galiano, na diocese de Assis, tinha dois filhos. Mal acabara de chorar por um, que os lobos tinham arrebatado, quando eles se precipitaram com a mesma ferocidade sobre o segundo. A mãe estava em casa, nos afazeres familiares. O lobo meteu os dentes no menino que andava lá fora e, mordendo-o pela cabeça, correu depressa para o mato com a presa. Ouvindo os gritos do menino, os homens que estavam nas vinhas gritaram para a mãe, dizendo: "Veja se seu filho está em casa, porque ouvimos há pouco uns gritos estranhos". Quando a mãe viu que o filho tinha sido levado pelo lobo, levantou seus clamores para o alto e, enchendo o ar de gritos, invocou a virgem Clara, dizendo: "Santa e gloriosa Clara, devolva meu pobre filho. Devolva, devolva o filhinho à mãe infeliz. Se não fizer isso, vou me matar na água".

Os vizinhos correram atrás do lobo e encontraram o menininho abandonado por ele na selva, com um cachorro lambendo suas feridas. O animal selvagem começara mordendo a cabeça; depois, para levar mais facilmente a presa, abocanhou-a pela cintura, deixando marcas profundas da mordida nos dois lados. A mulher, vendo atendido seu pedido, correu com as vizinhas para sua protetora e, mostrando as diversas feridas do menino a quem quisesse ver, deu muitas graças a Deus e a Santa Clara.

Uma menina do castelo de Canara sentara-se em pleno dia no campo com outra mulher, reclinando a cabeça em seu regaço. Então, um lobo à caça de gente chegou furtivamente à presa. A menina viu-o, mas achou que era um cão e não se assustou. Continuou a acariciar os cabelos e a fera truculenta avançou em cima dela, prendeu-lhe o rosto com suas amplas fauces abertas e correu com a presa para o mato.

A mulher assustada levantou-se depressa e, lembrando-se de Santa Clara, começou a gritar: "Socorro, Santa Clara, socorro! Eu lhe encomendo agora esta menina!". Então, coisa incrível, a que estava sendo levada nos dentes do lobo increpou-o: "Você ainda vai me levar, ladrão, depois que me encomendaram a tão santa virgem?". Confundido, ele a depositou logo suavemente no chão e fugiu, como um ladrão surpreendido.


Um comentário:

  1. ACORDEI UM DIA DESSES E SENTI ENORME VONTADE DE MANDAR FAZER ORAÇÕES MISSA QUALQUER COISA EM PROL DESTA SANTA , COMPREI A IMAGEM E TERÇA AGORA DIA 13/08/2013 IREMOS ORAR POR ELA E PEDIR A ELA PELO SEU DIA !!! ELA PASSOU A SER MINHA SANTA DE DEVOÇÃO!

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