domingo, 18 de setembro de 2011

DIA 19 DE SETEMBRO ,DIA DE SÃO GENNARO,OU SÃO JANUÁRIO-UM MILAGRE QUE SE REPETE HÁ SÉCULOS!!!

ITALIANO






De todo o referente a São Januário (ou Genaro, Jenaro, Gennaro, Janeiro, ou...), há muitíssimas pesquisas e tratados, e milhares de resumos. É de incontestável valor histórico a abundância de referências antigas, que alcançam os contemporâneos do martírio e da colheita do sangue. Assim o "Calendário Cartaginês" e o "Calendário de São Jerônimo" já consignam o 19 de setembro de 305 como data do martírio do bispo São Gennaro e dos seus sete companheiros, segundo antigos documentos e tradição constante. O mesmo os "Atti Vaticani", cuja redação data dos séculos VIII e IX. A "Paixão de São Gennaro", composta por ordem do bispo Stefano, no ano 900, faz também referências a antigos documentos e ininterrupta tradição.

Mas não só o martírio, senão a vida toda de São Gennaro com abundantes detalhes, os milagres por ele alcançados em vida e o culto recebido imediatamente ao martírio, e também os correspondentes milagres - ou assinatura divina -, foram recolhidos dos documentos e tradição pelo monge Emanuele no seu "Vita Graeca" publicado em Nápoles no ano 713.

São Gennaro, Bispo de Benevento (a uns 100 Km de Nápoles), foi atirado pelos perseguidores dos cristãos a uma fornalha acesa. Milagrosamente saiu ileso. Por isso, desde então!, é invocado nas erupções do Vesúvio e nos incêndios.

Pouco depois, acompanhado do diácono Festo e do leitor Desidério fugiu a Pozzuoli, ou antigamente Puteoli, e hoje também conhecida a cidade toda como Solfatara de Pozzuoli por extensão de suas solfataras. A 14 Km de Nápoles. Com muita alegria, mas com muita cautela por medo dos perseguidores enviados a todas as partes pelo Imperador Diocleciano, o bispo São Gennaro foi recebido por uns diáconos.

Sosso, um dos colaboradores do santo bispo, foi reconhecido e lançado na prisão. São Gennaro, Festo e Desidério foram visitá-lo e por isso foram acusados de ser também cristãos. Levados perante o juiz e negando-se a oferecer sacrifícios aos ídolos, foram condenados a ser decapitados, dado que não era então possível serem lançados aos ursos no anfiteatro, como primeiramente se havia sentenciado.

Quando estavam sendo conduzidos ao martírio, o diácono Prócolo e os leigos Eutíquio e Acurso proclamaram publicamente sua fé. Imediatamente os três também foram presos e colocados juntos aos outros quatro condenados.

Assim os sete mártires alcançaram juntos e felizes a honra do martírio pela decapitação.

Os cristãos de Pozzuoli conseguiram recolher e guardar nas suas catacumbas os despojos de São Gennaro. Uma devota mulher, chamada Eusébia, no lugar onde caíra a cabeça do santo bispo mártir recolheu um pouco de sangue e o guardou na sua própria casa.

Uns 10 anos mais tarde, provavelmente no ano 315, São Gennaro, seus ossos, foi trasladado das catacumbas de Pozzuoli de volta para a vizinha Nápoles, às correspondentes catacumbas. Quando os portadores passavam pela Via Antimana, a piedosa Eusébia aproximou-se do bispo de Nápoles e entregou-lhe em duas ampolas o sangue que ela havia recolhido. Se não aconteceu antes na casa de Eusébia, esta foi a primeira vez que o sangue de São Genaro se liquidificou!

As ampolas com o Sangue de São Gennaro.

O sangue de São Gennaro hoje está em duas ampolas de vidro hermeticamente fechadas. A menor das ampolas tem a capacidade 25 cm3, mas só contém manchas de sangue espalhadas pela superfície interna do vidro. A ampola maior tem a capacidade de 60 cm3, mas só a metade, ou um pouco mais, está ocupada pelo sangue de São Gennaro.

Nos últimos cinco séculos as ampolas guardam-se em arca de fechadura dupla. Uma das chaves está em poder do arcebispo de Nápoles. A outra chave fica sob a custódia do presidente da "Deputacione del Tesoro", entidade de mais doze pessoas escolhidas cada ano entre as mais dignas e célebres da cidade, com o encargo de velar por todo o tesouro e relíquias guardadas na catedral, ou "Duomo". O presidente da entidade é o próprio presidente da câmara de Nápoles.

E a arca se guarda num cofre detrás do altar-mor da "Capela do Tesouro", ao lado da rotunda, na catedral de Nápoles. Nessa grande rotunda na catedral de Nápoles está o altar de São Gennaro, havendo sido a catedral construída, no final do século XIII, em honra de São Gennaro por ordem de Carlos II, rei de Nápoles.

Junto com a arca guarda-se o crânio de São Gennaro dentro de um busto de prata com incrustações de ouro. E também o nicho ou cofre em máxima segurança: uma chave com o abade tesoureiro da catedral e outra com o presidente da "Deputacione".

LIQUEFAÇÃO




"Nos dias prefixados, em geral na véspera do primeiro domingo de maio, na festa do Santo, 19 de setembro, e no aniversário da erupção do Vesúvio, 16 de dezembro;às 9 horas, após várias Missas celebradas no altar da capela de São Janeiro, o clero, isto é, o cabido da catedral ou seus delegados, acompanhados de todos os padres que queiram aderir-se, reúne-se no coro (...). Forma-se uma procissão, a Cruz à frente, e descem à capela subterrânea" abrindo-se passo com dificuldade no meio da enorme multidão. "Lá, perante as testemunhas, os cofres são abertos (...), pegam em primeiro lugar a cabeça (a caveira) do santo dentro do busto (de prata) (...), depois as ampolas na sua arca de prata, que está selada".

Para a exposição, as ampolas colocam-se num rico e precioso ostensório de prata com haste também de prata. As ampolas com o sangue podem ver-se perfeitamente através de dois cristais, um na parte da frente e outro na parte posterior do ostensório (e através - lógico - do próprio vidro das ampolas).

"E volta-se à rotunda. O busto é colocado sobre o altar, do lado do Evangelho, e, após algumas orações tradicionais, um dos padres aproxima-se com (o relicário que contém) as ampolas ".

"O padre, sempre segurando as ampolas, eleva-as para que sejam vistas pelo povo. Todos podem constatar então que as manchas e os fragmentos de sangue endurecido (...), colado ao vidro, estão muito longe da menor fluidez".

"O milagre (da liquidificação do sangue) pode acontecer subitamente, no primeiro instante. Mas geralmente só após mais longas súplicas". Pode demorar de um minuto a uma hora e meia em sobrevir subitamente. Muito raramente demora mais em irromper.

"Ninguém poderá invocar a distância como obstáculo à verificação do estado real do sangue, porque se dá a beijar sucessivamente a todos os que se aproximam. Na parte baixa das escadas do altar há uma extensa balaustrada, aonde por turno vêm a ajoelhar-se os assistentes (...). Sob seus olhos e sobre seus lábios passam-se as ampolas, onde podem ver, pois elas são de vidro, todo o interior, todos os detalhes. As primeiras pessoas que chegam cedem o lugar a outras e assim sucessivamente durante horas (...). Das tribunas reservadas, cheias de estrangeiros distintos, de sábios, de hereges às vezes, observam todos estes movimentos com uma atenção que pode julgar-se escrupulosa, inquisitória". Contra a grande polêmica que os anglicanos levantaram e sustentaram a partir do ano 1831, ironizava depois o agudo intelectual francês da primeira metade do século XX, "Valéry: '(...) muitos prestigiosos ingleses loiros avançavam sobre o altar e debruçavam-se curiosos para examinar com seus monóculos'".

"De repente, num instante ou em outro, o sangue põe-se a borbulhar. Vocês o viram, poucos segundos antes, ressequido, duro e coagulado, e eis que docemente se agita, se liqüefaz, aumenta seu volume, borbulha, e enche plenamente as ampolas das quais parece que vai a desbordar, tanta é a força e a vida súbita" (...)."Ora, é absolutamente certo que, quando o trazem e quando oferecem a nosso olhar, o sangue está seco, pouco volumoso, parece fragmentos sólidos de matéria de cor avermelhado escuro tirando a preto, tal numa palavra como todos conhecem resíduos de sangue velho, inteiramente decomposto e ressequido. As ampolas, aliás, hermeticamente fechadas, e seladas, eram aproximadas dos olhos de todos os assistentes por um padre, que as dava a beijar. Este padre não era sempre o mesmo. Chamava a substituí-lo todo outro eclesiástico presente (...)".

Sangue, que era duro, num instante liquidificado! O sangue, que era quase preto, fica de cor vermelha, exatamente própria do sangue vivo. "É levantado novamente. Todos o observam neste estado como haviam observado no estado anterior. A multidão explode em cantos de triunfo, o órgão faz ouvirem-se as notas melodiosas e graves do `Te Deum' (...)".

"Chegada a noite, é afastado do busto, e coagula-se de novo. E é levado com a mesma solenidade e com as mesmas precauções de testemunhas e de delegados ao tesouro onde as relíquias são conservadas habitualmente".

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