segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DIA 19 DE SETEMBRO DIA DE NOSSA SENHORA DE LA SALETTE,HISTÓRIA DA APARIÇÃO E VIDA DOS VIDENTES MAXIMIN GIRAUD E MÉLANIE CALVAT APÓS A APARIÇÃO.




As Aparições da virgem Santíssima à Maximino e Melanie


Um dia de outono

Em meados de setembro de 1846, um camponês de Ablandins, Pedro Selme, está com o pastor adoentado. Desce a Corbs, até a casa de seu amigo, o carroceiro Giraud:

-"Empresta-me teu Maximino por alguns dias..."-"Maximin pastor? Ele é jovem demais para tanto !..." Conversa vai, conversa vem..., a 14 de setembro o garoto Maximin vai a Ablandins.

No dia 17 percebe a presença de Mélanie na aldeia.

No dia 18 vão pastorear seus rebanhos nos terrenos de Comuna, no monte Planeau. À tarde, Maximin procurava entabular uma conversa. Mélanie não se mostra interessada. Descobrem, no entanto, um ponto comum: os dois são de Corps. Conversam então, e decidem voltar a pastorear juntos no dia seguinte e no mesmo lugar.

Nas Pastagens da Montanha

No sábado, 19 de setembro de 1846, bem cedo, as duas crianças sobem as ladeiras do monte Planeau, cada uma tocando seu rebanho de quatro vacas, sendo que Maximin tinha também uma cabra e o cachorrinho Lulu. O sol respandecia sobre as pastagens... Ao meio dia, no fundo do vale, o sino da Igreja da aldeia toca a hora do Angelus. Os pastores então conduzem as vacas até a "fonte dos animais", uma poça d'água formada pelo regato que desce pelo vale do Sézia. A seguir, conduzem os rebanhos à pradaria chamada "Le Chomoir", nas encostas do Monte Gargas. Faz calor e os animais se põem a ruminar.

Maximin e Mélanie tornam a subir pelo vale até a "fonte dos homens". Junto à fonte, tomam uma frugal refeição: pão e um pedaço de queijo. Outros meninos pastores, que pastoreiam mais abaixo, juntam-se aos dois e passam a conversar. Depois que eles partiram, Maximin e Mélanie atravessam o regato e descem alguns passos até os dois assentos de pedras empilhadas, junto a poça seca de uma fonte sem água: e a "pequena fonte". Mélanie deposita a mochila no chão, e Maximino põe a jaqueta e a merenda sobre a pedra.

Uma estranha claridade

Contrariamente a seu costume, as duas crianças se estendem sobre a relva...e adormecem. O clima sob o sol de final de verão, é agradável. Nem uma nuvem no céu. O murmúrio do regato acrescenta-se à calma e ao silêncio da montanha. O tempo passa!...
Bruscamente Mélanie acorda e sacode Maximin!

-"Maximin, Maximin, vem depressa, vamos ver nossa vacas...Não sei onde andam!".

Rapidamente sobem a ladeira oposta ao Gargas. Voltando-se, têm diante de si toda a pradaria: as vacas lá estão ruminando calmamente. Os dois pastores se tranquilizam. Mélanie começa a descer. A meio caminho se detêm imóvel e, de susto, deixa cair o cajado.

- "Maximin, olha lá, aquele clarão!"

Junto à pequena fonte, sobre um dos assentos de pedra...um globo de fogo. "É como se o sol tivesse caído lá". No entanto, o sol continua brilhando num céu sem nuvens. Maximin corre gritando:

- "Onde está? Onde está?"

Mélanie estende o dedo para o fundo do vale onde haviam dormido. Maximim se aproxima dela, cheio de medo e lhe diz:

- "Segura o teu cajado, vai! Eu seguro o meu e lhe darei uma paulada se "aquilo" nos fizer qualquer coisa".

O clarão se mexe, se agita, gira sobre si mesmo. As duas crianças faltam palavras para externar a impressão de vida que irradia desse globo de fogo. Uma mulher ali aparece, assentada, a cabeça entre as mãos, os cotovelos sobre os joelhos, numa atitude de profunda beleza.

A Bela Senhora

A Bela Senhora põe-se de pé. Os dois não se mexiam. Ela lhe diz, em francês:

"-Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma grande novidade!"

Então, as crianças descem até a Bela Senhora.

Olham-na. Ela não para de chorar:

- "Achavamos que era uma mamãe cujos filhos a tivessem espancado e que se teria refugiado na montanha para chorar".

A Bela Senhora é alta e toda de luz. Veste-se como as mulheres da região: vestido longo, um grande avental, lenço cruzado e amarrado as costas, touca de componesa. Rosas coroam sua cabeça, ladeiam o lenço e ornam seu calçado. Em sua fronte a luz brilha como um diadema. Sobre os ombros carrega uma pesada corrente. Uma corrente mais leve prende sobre o peito um crucifixo resplandecente, com um martelo de um lado, e de outro uma torques.

O que Ela disse na montanha

A Bela Senhora fala aos dois pastores:

- " Ela chorou durante todo o tempo em que nos falou".

Junto ou separadamente, as duas crianças repetem as mesmas palavras, com ligeiras variantes que não afetam o sentido. Não importa quais sejam seus interlocutores: peregrinos ou simples curiosos, notáveis ou eclesiásticos, pesquisadores ou jornalistas. Quer sejam favoráveis, sem prevenção ou malévolos, eis o que lhes é transmitido:

"-Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma grande novidade!"

"Nós a ouvimos, não pensávamos em mais nada". Como Maximin e Mélanie, deixemos que ressoe em nós também o que ela falou no alto da montanha.

Com eles, ouçamos a Bela Senhora, contemplando o Crucifixo agonizante sobre seu peito.

"-Se meu povo não quer submeter-se, sou forçada a deixar cair o braço de meu Filho. E tão forte e tão pesado que não o posso mais suster. Há quanto tempo sofro por vós!
Dei-vos seis dias para trabalhar, reservei-me o sétimo, e não mo querem conceder! É isso que torna tão pesado o braço de meu Filho.

E também os carroceiros não sabem jurar sem usar o nome de meu Filho. São essas as duas coisas que tornam tão pesado o braço de meu Filho.
Se a colheita se estraga, é só por vossa causa, Eu vo-lo mostrei no ano passado com as batatinhas: e vós nem fizestes caso! Ao contrário, quando encontráveis batatinhas estragadas, juráveis usando o nome de meu Filho. Elas continuarão asssim, e neste ano, para o Natal, não haverá mais."

A palavra "batatinhas" (em francês: 'pommes de terre'), deixa Mélanie intrigada. No dialeto da região, se diz "la truffa". E a palavra 'pommes' lembra-lhe o fruto da macieira. Ela se volta então para Maximino, para lhe pedir uma explicação. A Senhora porém, adianta-se dizendo:


"-Não compreendeis, meus filhos? Vou dize-lo de outro modo."


Retomando pois, as últimas frases no dialeto de Corps, língua falada correntemente por Maximin e Mélanie, a Bela Senhora prossegue sempre no dialeto:


"-Se tiverdes trigo, não se deve semeá-lo. Todo o que semeardes será devorado pelos insetos e o que produzir se transformará em pó ao ser malhado


Virá grande fome. Antes que a fome chegue, as crianças menores de sete anos serão acometidas de tremor e morrerão entre as mãos das pessoas que as carregarem, Os outros farão penitência pela fome. As nozes caruncharão, as uvas apodrecerão."

De repente, a Bela Senhora continua a falar, mas somente Maximin a entende. Mélanie percebe seus lábios se moverem, mas nada entende. Alguns instantes depois, Mélanie por sua vez, pode ouvir, enquanto Maximin, que nada mais entende, faz girar o chapéu na ponta do cajado ou, com a outra, brinca com pedrinhas no chão. - "Mas nenhuma sequer tocou os pés da Bela Senhora!", excusar-se-ia alguns dias mais tarde.

- "Ela me disse alguma coisa ao me dizer: Tu não dirás nem isso. Depois, não compreendia mais nada, e durante esse tempo, eu brincava".

Assim a Bela Senhora falou em segredo a Maximin e depois a Mélanie. E novamente, os dois em conjunto ouvem as seguintes palavras:

"-Se se converterem, as pedras e rochedos se transformarão em montões de trigo, e as batatinhas serão semeadas nos roçados. Fazeis bem vossa oração, meus filhos?"

" Não muito Senhora", respondem as crianças.

"-Ah! Meus filhos, é preciso fazê-la bem, à noite e de manhã, dizendo ao menos um Pai Nosso e uma Ave Maria quando não puderdes rezar mais. Quando puderdes rezar mais, dizei mais.

"-Durante o verão, só algumas mulheres mais idosas vão à Missa. Os outros trabalham no domingo, durante todo o verão. Durante o inverno, quanto não sabem o que fazer, vão a Missa zombar da religião. Durante a Quaresma vão ao açougue como cães.
Nunca viste trigo estragado, meus filhos?"

" Não Senhora" , responderam eles.

Então Ela se dirige a Maximin:

"-Mas tu, meu filho, tu deves tê-lo visto uma vez, perto do Coin, com teu pai. O dono da roça disse a teu pai que fosse ver seu trigo estragado. Ambos fostes até lá. Ele tomou duas ou três espigas entre as mãos, esfregou-as e tudo caiu em pó. Ao voltardes, quando estáveis a meia hora de Corps, teu pai te deu um pedaço de pão dizendo-te: "Toma, meu filho, come pão neste ano ainda, pois não sei quem dele comerá no ano próximo, se o trigo continuar assim".

Maximin responde:

"-É verdade, Senhora, agora lembro. Há pouco não lembrava mais".


E a Bela Senhora conclui, não mais em dialeto, e sim em francês:

"-Pois bem, meus filhos, transmitireis isso a todo o meu povo."

OS VIDENTES DE LA SALETTE





Por vezes pode-se julgar que a vida de quem viu Nossa Senhora seja um Céu na Terra. No caso de Mélanie e Maximin, suas vidas foram cheias de manifestações de predileção divina, sem dúvida. Mas também padeceram muito, perseguidos pelo ódio diabólico e pela atuação de associações anticatólicas revolucionárias. É doloroso constatá-lo, também de sacerdotes, bispos e até cardeais que professavam idéias, como as do liberalismo, que a Santíssima Virgem apontou como uma das causas da cólera de Deus (vide Catolicismo, setembro/2006).

Eis alguns exemplos. Em 1853, o Pe. C. J. Déléon, sacerdote em interdito, publicou sem autorização eclesiástica dois volumes atribuindo a aparição a uma montagem de uma piedosa senhorita, Constance Saint-Ferréol de Lamerlière, que teria ludibriado as crianças. O mirabolante livro foi condenado pela Igreja, e Constance pediu à Justiça que seu nome fosse tirado do escrito. O pedido foi recusado sem explicações em todas as instâncias judiciárias. Por isso, para o Judiciário francês, La Salette foi uma fraude religiosa.

O Cardeal Louis de Bonald, primaz da França e líder liberal, chegou a escrever que a aparição fora uma falcatrua visando explorar comercialmente a água da fonte que Nossa Senhora fez brotar no local da aparição. Após ser flagrado fornecendo informações falsas — para dizer pouco — à Santa Sé sobre o caso, o Cardeal silenciou, mas suas insinuações e negações envenenaram o ambiente católico contra a aparição e os videntes.

Nos anos subseqüentes à aparição, as duas crianças repetiram incansavelmente a mensagem pública de Nossa Senhora aos peregrinos que iam a La Salette. Tinham as reações típicas da idade, mas se transformavam na hora de contar a milagrosa aparição.

Não faltaram incrédulos ou mal-intencionados que tentaram pegá-los em contradição. Nas respostas dos videntes transparecia de tal maneira o sobrenatural, que todos ficavam num misto de desconcerto e admiração.

Um caso arquetípico deu-se com o Padre Dupanloup, líder liberal francês que posteriormente, como bispo de Orleans, foi um dos chefes da oposição à proclamação do dogma da infalibilidade papal durante o Concílio Vaticano I. O Pe. Dupanloup passou alguns dias com Maximin, tentando que o menino lhe revelasse o segredo. Até colocou sobre a mesa uma pilha de moedas de ouro — coisa que deslumbrou a Maximin, pois, sendo de família miserável, jamais vira algo assim — e lhas ofereceu em troca da violação do compromisso com Nossa Senhora. O pretexto foi tirar da indigência a ele e à sua família. A reação de Maximin foi de uma tal integridade, que o Pe. Dupanloup saiu confundido: "Eu senti que a dignidade da criança era maior que a minha”.

Maximin Giraud, nasceu na vila de Corps, a 26 de agosto de 1835. Sua mãe, Ana Maria Templier, era natural de Corps e seu pai, o ferreiro Giraud é natural de Triève. Aos 17 meses,de idade, Maximin viu a morte ceifar a vida de sua mãe; ele tem uma irmã, Angélica com oito anos de idade. O senhor Giraud contrai segundas núpcias; sem boas relações com a madrasta, Marie Court, Maximin cresce como erva selvagem. Ele passa o dia nas ruas dos arredores com seu cachorro Lulu e sua cabra. Aos onze anos, esse menino traquina, de olhar perspicaz e de língua afiada passa entre os carroceiros boa parte de seu tempo.





Mélanie Calvat, também conhecida pelo nome de Matthieu nasceu aos sete de novembro de 1831. É a quarta filha da senhora Julia Barnaud a qual teve dez filhos. O pai, Pierre Calvat, serrallheiro desempregado, tinha que realizar outras atividades para alimentar sua família. Desde menina, Mélanie presta serviços como pastora em várias famílias nas vilas de Quet e Sainte-Luce antes de assumir a mesma função junto à família de Jean-Baptiste Prá, no vilarejo des Ablandens. Eis que um belo dia, Maximin é instado a prestar servicos junto à Pierre Selme, vizinho dos Prá para substituir, por oito dias, um pastor doente. O contato com Mélanie não era fácil; ela muito reservada e taciturna, ele, barulhento e inquieto. A única coisa em comum é que ambos eram originários de Corps. No entanto eles não se conheciam; eles falavam o patois, ambos não sabiam ler e escrever pois não haviam frequentado a escola e nem o catecismo. Pobres, mas simples e honestos...quais a cêra para serem moldados pelo evento da Salette, o qual é, ao mesmo tempo a luz e a cruz de suas tenras vidas. Interrogados, solicitados, tentados, maltratados...eles permanecem fiéis à Virgem em prantos.

Maximin – durante a Apparição, girava seu chapéu sobre o bastão e com o qual ele rolava as pedras para os pés de Maria: esse era seu estado de espírito: jocoso e crítico ao mesmo tempo. Ele responde aos inquisidores com simplidade e astúcia. Cordial quando se sente respeitado. Esperto e ágil quando percebe que querem colocá-lo contra o muro. Voluntarioso e imprudente como foi o encontro com o Cura D’Ars... era o retrato de seu relacionamento com Lulu com o qual ele dividia seus alimentos. Um cândido coração de ouro, em todas as suas andanças.

Entrou no seminário diocesano, onde primou por sua seriedade e piedade. O bispo de Grenoble, Mons. Ginoulhiac, acérrimo opositor da aparição, impôs-lhe como condição para ser ordenado não mais falar do caso e silenciar o segredo que Nossa Senhora lhe pedira para divulgar. Maximin respondeu em carta:

“-Se Sua Excia. Mons. Ginoulhiac tem a intenção de me paralisar antecipadamente, de não me deixar nem agir, nem falar nem escrever, quando a minha missão de apóstolo de La Salette me tornará obrigatório fazê-lo, pense antes de me dar sua opinião. Uma tal intenção no meu superior seria um sinal positivo de eu não ter vocação. Deus não iria me dar uma vocação sacerdotal diametralmente oposta à vocação que me vem de Maria: a de difundir em todo lugar e sempre, segundo as circunstâncias, suas advertências a seu povo. Eu não teria então outra coisa a fazer senão ingressar na nova milícia religiosa que combate voluntariamente e sem empecilhos, mas também por sua conta e risco, sem engajar em nada a responsabilidade dos pastores”.

Maximin teve que deixar o seminário. Procurou estudar e trabalhar em Paris e em Le Havre. Mas aonde ia, seguia-o um amontoado de maledicências e hostilidades de origem anticatólica ou eclesiástica liberal. Espalhou-se ser ele inculto, estúpido, instável, bêbado e dissoluto. Mons. Ginoulhiac escreveu ao anticatólico Ministro de Culto, afirmando que se tratava de um “mentiroso” que tinha sido necessário expulsar do seminário. O vigário de Saint Germain l'Auxerrois — famosa igreja de Paris — escreveu um libreto acusando-o de viver em concubinato com sua mãe adotiva!

Um fato banal serviu de pretexto para a maledicência opor São João Maria Vianney a Maximin e La Salette. O próprio Cura d'Ars dissipou as murmurações em carta ao bispo de Grenoble:

“-Tenho uma grande confiança em Nossa Senhora de La Salette; faço vir água da fonte; abençôo e distribuo grande quantidade de medalhas e imagens representando esse fato; distribuo pedacinhos da pedra sobre a qual a Santa Virgem teria sentado, levo um pedaço continuamente comigo e até o fiz pôr num relicário. Falo muito freqüentemente do fato na Igreja. Parece-me, Monsenhor, que há poucos sacerdotes em vossa diocese que tenham feito tanto quanto eu por La Salette”.

Maximin transmitiu mensagens pessoais para personagens-chaves do tempo: ao conde de Chambord, pretendente legitimista à coroa da França, para dissuadi-lo de reinar; ao arcebispo de Paris, Mons. Darboy, a quem predisse que morreria fuzilado, como de fato o foi pelos revolucionários da comuna de Paris; a Napoleão III, advertindo-o de sua próxima queda caso abandonasse o Papa, como acabou acontecendo.

Maximin alistou-se nos zuavos pontifícios, mas a vida de caserna não correspondia a seu ideal. Em seus últimos anos de vida foi acolhido por uma família de Paris, até que esta perdeu a casa na revolução da comuna de 1870. Ele acabou dormindo ao relento e contraiu a doença que lhe provocou a morte.

Na mais extrema indigência, Maximin pediu a Mons. Ginoulhiac um lugar onde morrer dignamente. O prelado recusou o pedido. O bispo, “turiferário do regime", tinha sido recompensado pelo governo com a Sé primacial de Lyon. Aliás, o Bem-aventurado Pio IX nunca concedeu a esse prelado a honra do cardinalato, que é concedida ex-oficio a todos os arcebispos de Lyon.

Na miséria, Maximin entregou sua alma a Deus em sua cidade natal de Corps, em 1º de março de 1875, aos 39 anos de idade. Deixou o exemplo de uma vida moral íntegra e de uma indomável determinação em fazer a vontade de Nossa Senhora acima da vontade dos homens. Seu coração foi depositado na basílica de La Salette, e seu corpo no pequeno cemitério de Corps.

Mélanie - tímida, calada, centrada em si mesma, jamais recusou-se a responder às questões referentes à Aparição.Ingressou nas Irmãs da Providência em Corenc, diocese de Grenoble. Não quis fazer-se religiosa contemplativa, pois queria ter toda a liberdade para divulgar o segredo de La Salette. A comunidade ficou edificada com suas virtudes e dons sobrenaturais. Mélanie recebera os estigmas quando tinha quatro anos, e o Menino Jesus — a quem ela chamava “meu irmãozinho” — aparecia-lhe regularmente para aconselhá-la. As religiosas decidiram aceitar a sua profissão solene.

Mons. Ginoulhiac, porém, exigia-lhe que silenciasse para sempre a mensagem de La Salette e não divulgasse o segredo quando chegasse a data determinada pela Virgem Santíssima — 1858. Como Mélanie não aceitasse essa imposição, no dia de profissão o bispo a enviou para a abadia da Grande Chartreuse. Na volta, a vidente percebeu que suas companheiras tinham feito os votos, e que ela ficara de fora. Mons. Ginoulhiac aconselhou-a a ingressar no Carmelo de Darlington, na Inglaterra. Era um exílio, mas Mélanie aceitou em espírito de obediência.

Em Darlington, as carmelitas ficaram admiradas dos dons sobrenaturais incomuns de Mélanie, bem como pelo assédio que sofria por parte do demônio. Ela fez os votos com as ressalvas indispensáveis para garantir a divulgação do segredo.

Mélanie não sabia, mas Mons. Ginoulhiac ordenara ao diretor espiritual dela, sob pena de interdito, entregar a ele as cartas contendo matéria de consciência. Quando se aproximava a data de 1858, ela sentiu-se numa espécie de cárcere e enviou cartas às autoridades, até jogando-as por cima do muro da clausura. O fato foi muito explorado por seus inimigos, mas o bispo de Exham lhe outorgou as devidas licenças e o Papa Pio IX confirmou a exclaustração.

Voltou à França, mas nunca teve sossego, estando sempre submetida a pressões para não revelar a mensagem. Em 1858, como ordenara Nossa Senhora, ela enviou o segredo por inteiro ao Papa Pio IX. Além do mais, providenciou sua publicação em Marselha em 1860; e em Lecce (Itália), com imprimatur de Mons. Zola, em 1879. Ameaçada de excomunhão por bispos adversários de La Salette, Mélanie instalou-se no sul da Itália, onde alguns bispos a protegeram.

As incessantes mudanças de diocese, a que foi forçada, deram pretexto para maiores difamações. Dizia-se que ela era orgulhosa, egocêntrica, histérica, giróvaga, mistificadora, amasiada com padres, que fora surpreendida num prostíbulo, masoquista e anti-semita!

Na Itália, Mélanie foi co-fundadora das religiosas do Divino Zelo, que tem entre suas finalidades rezar pela vinda dos Apóstolos dos Últimos Tempos. O fundador — Santo Aníbal de França — foi seu diretor espiritual nos últimos anos de vida. Também na Itália, o Beato Giacomo Cusmano implorou o auxílio dela para fundar a Ordem dos Servos e Servas dos Pobres.

Mélanie faleceu em Altamura, província de Bari (Itália) –– sozinha num quarto, como tinha predito –– na noite de 14 para 15 de dezembro de 1904, com 72 anos de idade. Os vizinhos ouviram aquela noite um cântico de anjos que saía de seu apartamento. Santo Aníbal de França pronunciou ardoroso elogio fúnebre da vidente e de sua santidade nas catedrais de Altamura e Messina. Um ano depois, durante a trasladação de seus restos mortais, verificou-se que o corpo estava incorrupto. Numa segunda trasladação, já não o estava mais. Seu corpo venera-se em monumento fúnebre na capela do orfanato das religiosas do Divino Zelo, em Altamura.

Santo Aníbal de França preparou seu processo de beatificação, mas não pôde introduzi-lo pois foi chamado ao Céu. São Pedro Julião Eymard, fundador dos sacramentinos, morreu estreitando contra o peito uma imagem da aparição. O Papa São Pio X perguntou ao bispo que presidiu os funerais de Mélanie: “E nossa santa?”.

Contraditados, antipatizados, difamados e perseguidos por alguns, mas apreciados, defendidos e protegidos por pessoas virtuosas e mesmo santas, Mélanie e Maximin entraram na iconografia católica aos pés de Nossa Senhora, nas inúmeras imagens de La Salette que se veneram em toda a Terra.

O SEGREDO DE LA SALETTE

JÁ ESCREVI SOBRE O SEGREDO,AQUI EM INGLÊS E AQUI EM PORTUGUÊS

TERÇO DOS PASTORINHOS DE LA SALETTE: MAXIMIN GIRAUD E MÉLANIE CALVAT




FILME EM ITALIANO: DE LA SALETTE Á FÁTIMA


Nenhum comentário:

Postar um comentário