segunda-feira, 30 de abril de 2012
DIA 26 DE ABRIL - DIA DE NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO OU GENAZZANO
Envolta numa luminosa nuvem, a imagem da Mãe do Bom Conselho translada-se da Albânia
para a cidade de Genazzano (Itália), dando início a um ininterrupto desfilar de milagres e graças.
Nas longínquas terras da Albânia, para além do Mar Adriático, encontra-se a pequenina cidade de Scútari. Edificada em uma colina escarpada e tendo a seus pés os rios Drina e Bojana, ela continha em seus domínios, já no século XIII, um precioso tesouro : a bela imagem de "Santa Maria de Scútari". O Santuário que a abrigava se transformara no centro de peregrinação mais concorrido do país, e era para os albaneses um importante ponto de referência em matéria de graças e conforto espiritual.
SCÚTARI/SANTUÁRIO NA ALBÂNIA
Trata-se de uma pintura sobre fina camada de reboco, medindo 31 cm de largura por 42,5 cm de altura. Esse sagrado afresco está envolto numa penumbra de mistério e milagre: ignora-se quando e por quem foi pintado.
Intimidade e união de alma
Detenhamo-nos um pouco na contemplação desta maravilhosa pintura.
Ela representa a Santíssima Virgem com inefável afeto materno, amparando em seus braços o Menino Jesus, ambos encimados por um singelo arco-íris. As cores são suaves, e finos os traços dos admiráveis semblantes.
O Menino Jesus transmite a candura de uma criança e a sabedoria de quem analisa toda a obra da criação e é o Senhor do passado, do presente e do futuro. Com indizível carinho, o Divino Infante pressiona levemente sua face contra a de sua Mãe. Há entre eles uma atraente intimidade, e a união de almas bem se vê refletida na troca de olhares. Nossa Senhora, em altíssimo ato de adoração, parece estar procurando adivinhar o que se passa no interior do Filho. Ao mesmo tempo, Ela considera o fiel aflito ajoelhado a seus pés, e de algum modo o faz partícipe do celestial convívio que contemplamos neste quadro. Não será preciso dizer, basta o devoto necessitado acercar-se d'Ela para sentir operar-se em sua alma uma ação balsâmica.
Scanderbeg, varão Providencial
Em meados do século XIV, a Albânia passava por grandes aflições. Após ser disputada durante séculos pelos povos vizinhos, ela estava então sendo invadida pelo poderoso império turco.
Não dispondo de estrutura militar capaz de resistir ao poderoso adversário, o povo aflito rezava, confiando no auxílio dos céus. O efeito dessas orações não se fez esperar: nessa emergência, surgiu um varão de Deus, de nobre linhagem e devotíssimo de Nossa Senhora, decidido a lutar pela Padroeira e pela liberdade de seu país. Seu nome é Jorge Castriota, chamado em albanês de Scanderbeg.
À custa de imensos esforços bélicos, conseguiu ele manter a unidade e a Fé de seu povo. As crônicas da época exaltam as façanhas realizadas por ele e pelos valorosos albaneses que, estimulados por seu ardor, lutavam a seu lado.
Nos intervalos dos combates, eles ajoelhavam-se suplicantes aos pés de "Santa Maria de Scútari", de onde saíam fortalecidos e obtinham portentosas e decisivas vitórias contra o inimigo da Fé. Aí já reluzia uma característica d'Aquela que futuramente seria conhecida em todo o mundo como a Mãe do Bom Conselho: fortalecer todos quantos, combatendo o bom combate, d'Ela se aproximam buscando alento e coragem.
Entretanto... após 23 anos de lutas, Scanderbeg é levado desta vida. A falta daquele piedoso líder era irreparável.
Todos pressentiam estar próxima a derrota. O povo encontrava-se na trágica alternativa de abandonar a pátria ou sujeitar-se à escravidão aos turcos.
Envolta em luminosa nuvem
Nessa perplexitante situação, a Virgem do afresco aparece em sonhos a dois dos valentes soldados de Scanderbeg, chamados Georgis e De Sclavis, ordenando-lhes que A seguissem em uma longa viagem. Ela lhes inspirava uma grande confiança, e estar ajoelhados a seus pés era para eles motivo de grande consolação.
Certa manhã, lá estando ambos em fervorosa oração, vêem o maior milagre de suas vidas.
O maravilhoso afresco se desprende da parede e, conduzido por anjos, envolto em alva e luminosa nuvem, suavemente vai se retirando do recinto. Bem podemos imaginar a reação dos bons homens! Atônitos, acompanham Nossa Senhora que avança pelos céus de Scútari. Quando se dão conta, estão às margens do Mar Adriático. Haviam percorrido trinta quilômetros sem sentir cansaço! Sempre envolta na alva nuvem, a milagrosa imagem avança mar adentro.
Perplexos, Georgis e De Sclavis não querem deixá-la por nada. Verificam, então, estupefatos e eufóricos, que sob seus pés as águas se transformam em sólidos diamantes, voltando ao estado líquido após sua passagem. Que milagre! Tal como São Pedro sobre o lago de Genezaré, estes dois homens caminham sobre o Mar Adriático, guiados pela própria "Estrela do Mar".
Sem saber dizer durante quanto tempo andaram, nem quantos quilômetros deixaram para trás, os bons devotos vêem novas praias. Estavam na Península Itálica! E por sinal... onde está a Santa Maria de Scútari? Olham para um lado... olham para outro. Escutam falar outro idioma, sentem um ambiente tão diferente da sua Albânia...
Mas já não vêem a Senhora da luminosa nuvem. Desaparecera... Que provação! Começam então, uma busca infatigável. Onde estará Ela?
Petruccia, uma mulher de Fé
Nessa mesma época, na pequena cidade de Genazzano, não longe de Roma, vivia uma piedosa viúva chamada Petruccia de Nocera, já octogenária.
Senhora de muita retidão e sólida vida interior, digna terciária da ordem agostiniana, sua herança lhe bastava apenas para viver modicamente.
Era Petruccia muito devota da Mãe do Bom Conselho, venerada numa velha igreja de Genazzano. Esta piedosa senhora recebeu do Espírito Santo a seguinte revelação: "Maria Santíssima, em sua imagem de Scútari, deseja sair da Albânia". Muito surpresa com essa comunicação sobrenatural, Petruccia assombrou-se mais ainda ao receber da própria Santíssima Virgem expressa ordem de edificar o templo que deveria acolher o seu afresco, bem como a promessa de ser socorrida em tempo oportuno.
Começou, então, Petruccia, a reconstrução da pequena igreja. Empregou todos os seus recursos... os quais acabaram quando as paredes tinham apenas um metro de altura. E ela tornou-se alvo das zombarias e sarcasmos dos céticos habitantes da pequena cidade, que chamavam -na de louca, visionária, imprudente e antiquada. Passou confiante por esta provação, tal como Noé, de quem todos mofavam enquanto ele construía a arca.
O MILAGRE
No dia 25 de abril de 1467, Festa de São Marcos que era padroeiro da cidade de Genazzano, Petruccia dirigi-se para a “igreja” para rezar. Era dia de feira. Quatro horas da tarde. O povo de Genazzano estava em meio ao barulho e bulício quando de repente ouvem uma celestial melodia e param para verem de onde vem.Vinha de uma nuvenzinha branca que descia do Céu. Todos, atônitos, pararam e seguiram a nuvem para verificarem o que ocorria.
Estupefatos, observaram desfazer-se a nuvem e aparecer o belíssimo quadro da Senhora do Bom Conselho, descendo trazida por anjos para à única parede inacabada que Petruccia conseguira construir e ali manter-se flutuando em meio a melodias angelicais, badalar de sinos e espanto dos moradores.
Descia do céu a Senhora de Scutari, a SENHORA DO BOM CONSELHO para a igreja de Petruccia.Quanta alegria e consolo para Petruccia que vê finalmente realizada a promessa da Mãe de Deus.
Dias depois, os valentes Georgis e De Sclavis que percorriam a Itália em busca de Sua Senhora, tomaram conhecimento do Milagre que havia ocorrido na cidade de Genazzano. Imaginaram então, que este podia ser o Afresco da Senhora.
Foram então, sem titubear para Genazzano onde, radiantes de alegria, puderam confirmar que o quadro que se mantia flutuando diante da parede daquela igreja inacabada era o mesmo que eles vieram acompanhando pelo Mar Adriático e que agora finalmente encontraram. Estes então passaram sua vida servindo e amando a Senhora do Bom Conselho, na cidade de Genazzano.
Estava confirmado o superior desígnio da construção iniciada. Teve início, assim, em Genazzano um longo e ininterrupto desfilar de milagres e graças que Nossa Senhora ali dispensa. O Papa Paulo II, tão logo soube do que havia sucedido, enviou dois prelados de confiança para averiguar o que se passara.
Estes constataram a veracidade do que se dizia e testemunharam, diariamente, inúmeras curas, conversões e prodígios realizados pela Mãe do Bom Conselho. Nos primeiros 110 dias após a chegada de Nossa Senhora, registraram-se 161 milagres.
O povo então diante disto resolveu ajudar, e hoje, o Belíssimo Santuário encontra-se construído e mantém-se até os dias de hoje sua Imagem FLUTUANDO na parede construída por Petruccia, assim como se estivesse sendo segurada por mãos de Anjos.
Petruccia morreu poucos anos depois do Milagre tendo então cumprido com fidelidade a ordem que a Virgem lhe dera. Deixou a este mundo um grande exemplo de Santidade e Confiança em Deus mesmo diante de todas as dificuldades e perseguições.
Ainda hoje os católicos albaneses tem esperança e rezam para que a Virgem do Bom Conselho, a Senhora de Scutari, volte para seu País e salve nele o catolicismo.
Madre Tereza de Calcutá albanesa, quando esteve em Genazano no dia 10 de junho de 1993, deixou escrito no livro de visitantes:”-Maria, Mãe de Jesus, volta a tua casa na Albânia! Nós te amamos, nós temos necessidade de Ti. Tu és nossa Mãe, volta a tua casa na Albânia!Nós te pedimos!
Deus abençoe a Todos.”
Beato Steffano Bellesini
Falando sobre a Senhora do Bom Conselho, podemos destacar também o Milagre chamado Beato Steffano Bellesini que dedicou grande parte de sua vida em propagar ao mundo a devoção da Senhora do Bom Conselho tornando-a conhecida e amada por todos. Em 1831, foi nomeado pároco do Santuário de Santa Maria do Bom Conselho.
Em Genazzano, celebrava sempre a Missa no altar de Mater Boni Consilii e estimulava em todos os fiéis a devoção a Ela. Aos que viajavam ou viviam longe, distribuía estampas, dava azeite da lamparina do altar, enfim, tudo quanto recordasse a Santa Imagem.
Conduzia e consagrava à Virgem todas as crianças que batizava. E queria que todos os paroquianos fossem consagrados à Madonna do Bom Conselho.
Era devotíssimo da Rainha dos Corações e recitava diariamente, entre outras práticas de piedade, o Rosário com a Ladainha de Nossa Senhora. Retido no leito pela enfermidade que o levaria à morte, tentou o prior do convento poupar-lhe a fadiga das orações, mas ele respondeu:
-" Como quereis que compareça ante o Tribunal de Deus sem ter antes recitado a Coroinha de Nossa Senhora e o Rosário com sua Ladainha?"
Obedientíssimo em vida- e até depois da morte, pediu permissão a seu superior para comparecer ao Juízo de Deus no dia da Purificação de Maria, também festa de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Não quis o prior do convento consentir que ele falecesse durante as cerimônias litúrgicas deste dia, porque, devido à benção das velas e à grande afluência de público, sua morte ocasionaria inevitávelmente transtornos nas solenidades. Submeteu-se de bom grado o Bem-aventurado Stefano, dizendo:
- "Terminada a função de Nossa Senhora, começará a minha".
Ao fim das vésperas, os fiéis entoaram na igreja o último verso do derradeiro cântico- "Maria do Bom Conselho, abençoai-nos assim como vosso Filho"- com o que as cerimônias estavam concluídas. E, efetivamente, às quatro da tarde do dia da Purificação de Nossa Senhora, Stefano, em sua cela, entregava sua bela alma a Deus. Era o dia 2 de fevereiro de 1840.
SANTUÁRIO DE GENAZZANO
NOSSA SENHORA DE GENAZZANO
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